segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Solo de Marte com sal a mais para permitir vida


Solo de Marte com sal a mais para permitir vida

Micróbios não poderiam sobreviver À superfície de Marte, as hipóteses de ter havido ali a centelha e o desenvolvimento da vida nos últimos quatro mil milhões de anos, ainda que primitiva, parecem muito remotas.

Esta é a conclusão de uma série de simulações feitas com base nos dados enviados para terra pelos robôs Spirit e Opportunity e ontem apresentadas pelas equipas da NASA. Excesso de minerais na água que já por ali correu deixou o solo demasiado salgado e ácido para permitir o florescimento de microrganismos, acreditam os investigadores do Jet Propulsion Laboratory, da NASA, que coordena as operações dos dois veículos robotizados.

As simulações ontem divulgadas, no âmbito do encontro anual da American Association for the Advancement of Science, em Boston, foram feitas com base no conjunto dos dados recolhidos nos últimos cinco anos pelos dois robôs móveis, mas sobretudo a partir dos mais recentes registos enviados pelo Opportunity, que se encontra nesta altura numa cratera chamada Victoria.

"Nem toda a água é boa para beber." Foi desta forma simples que o biólogo Andrew Knoll, membro da equipa científica dos robôs da NASA e investigador na universidade de Harvard, resumiu ontem a questão.

Originalmente enviados para Marte, para uma missão que deveria durar três meses, o Spirit e o Opportunity ainda não cessaram de percorrer as planícies marcianas, observando e registando à sua passagem dados sobre a geologia e a composição do solo do Planeta Vermelho.

Nesta fase da missão, a água é um dos temas centrais da pesquisa, e a cratera Victoria, onde o Opportunity se encontra nesta altura, era um dos locais ideais para estudar a possibilidade de a água que correu há milhões de anos ter deixado ali marcas ou sinais de vida.

A resposta agora obtida - com as simulações feitas a partir dos elementos encontrados no solo analisado pelo Opportunity - acaba por ser um pouco uma desilusão. A hipótese da existência de vida microbiana no passado remoto de Marte tem sido uma das esperanças, e especulações também, mais alimentadas nos últimos anos nos círculos científicos próximos desta área.

"É de facto muito salgado, e tão salgado que apenas uma mão-cheia de microrganismos terrestres conhecidos poderia ter uma hipótese muito remota de sobreviver ali num momento de melhores de condições", explicou Andrew Knoll.

Mas a questão da vida em Marte não fica encerrada aqui. Se à superfície a água não foi "boa para beber", como esclareceu Knoll, há todo um potencial habitat no Planeta Vermelho sobre o qual os cientistas nada sabem ainda e no qual estão a depositar as esperanças nesta questão, que é o subsolo do planeta.

É aí, nomeadamente, que entra em cena a próxima nave Phoenix, da NASA, que tem chegada a Marte prevista para o dia 25 de Maio. Esta sonda, que vai pousar no Pólo Norte de Marte, terá capacidade de escavar o solo e começar a analisar a primeira camada de subsolo do planeta. É, portanto, uma questão de tempo.

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