domingo, 4 de maio de 2008

Fim do Mundo? Asteróide passará próximo à Terra em sexta-feira 13



Na sexta-feira, 13 de abril de 2029, o asteróide 2004 MN4 vai passar próximo à Terra, a uma distância de apenas 30.000km em relação ao solo - menos do que a distância a que pairam os satélites artificiais geosíncronos, que orbitam a 36.000km.

No momento de maior aproximação, o asteróide vai brilhar tanto quanto uma estrela de terceira grandeza, sendo plenamente visível a olho nu a partir da África, Europa e Ásia, mesmo para observadores em cidades iluminadas, segundo a NASA. Trata-se de um evento raro: a aproximação tão extrema de objetos cósmicos tão volumosos ocorre estatisticamente a cada 1000 anos, apenas.

Será uma sexta-feira 13 de sorte, pois o asteróide passará a uma distância tão curta sem causar danos ao planeta Terra. E nem sempre houve esta certeza: no final de 2004, pesquisadores do Programa de Objetos Próximos à Terra, da NASA, chegaram a calcular que havia uma chance de 1/60 de o 2004 MN4 colidir com a Terra nesta passagem de 2029.


Cratera causada por um meteoro com 12% do tamanho do 2004 MN4

A NASA e outras instituições da Europa, Ásia e Austrália estão envolvidas em um esforço para identificar e mapear até o final de 2008 pelo menos 90% dos estimados 1100 objetos de mais de 1km cujas órbitas se aproximam eventualmente da Terra. A partir de 2009, o esforço será ampliado, e passará a buscar também os objetos menores, a partir de 140m.


Prato do radar astronômico de Arecibo


Os dados conclusivos sobre a passagem do 2004 MN4 pela Terra em 2029 foram obtidos após observação direta pelo gigantesco radar astronômico de Arecibo, em Porto Rico. O 2004 MN4 tem 320m, e seu impacto seria capaz de devastar uma área do tamanho de Minas Gerais, se cair em Terra, ou de provocar uma gigantesca série de tsunamis, se cair no mar.


General Eiling: “A população deve manter-se informada sobre as efemérides”


Segundo o General Wade Eiling, coordenador do Programa de Objetos Próximos à Terra, da NASA, não há risco de o 2004 MN4 colidir com a Terra em 2029, mas como a gravidade terrestre irá desviar a trajetória do objeto, é impossível prever neste momento como será o próximo encontro. O General Eiling recomenda que toda a população mantenha-se informada sobre acontecimentos astronômicos, e que cada família defina um ponto de reunião ou contato de emergência caso seja impossível retornar à sua cidade ou estado, e que monte e mantenha seu próprio kit para deslocamento de emergência, com alimentos para 3 dias, remédios de uso contínuo, roupas de frio, lanternas e pilhas, um apito, snorkel e guarda-chuvas.

Impactos de asteróides e meteoros ocorreram diversas vezes na história geológica da Terra, e inúmeras crateras são testemunhos permanentes de seus efeitos cósmicos: destruição local, nuvens de poeira capazes de prejudicar as colheitas, extinções de ecossistemas e espécies, e até mesmo alterações magnéticas e geodésicas.

domingo, 27 de abril de 2008

Quando as galáxias se encontram no escuro...


Colisões galácticas ou momentos amorosos?
Há muito sabemos que as galáxias não são conjuntos de corpos celestes estáticos e imutáveis, mas antes partes de um universo em permanente expansão onde alguma coisa está sempre a acontecer, embora muitas vezes a um ritmo de milhões de anos, imperceptível para a limitada parcela de tempo que nos está reservada.

Ainda assim, há imagens que nos apanham de surpresa. Que nos deixam, até, ligeiramente desconfortáveis. Como se houvesse algo de reconfortante na presunção de que aqueles arquipélagos de luz, na imensa escuridão do espaço, são eternos, e eternamente solitários.

Nas celebrações do 18.º aniversário do Hubble, como que marcando a definitiva chegada à maioridade do telescópio espacial, a NASA divulga um inédito conjunto de 59 registos fotográficos onde, em rigor científico, se observa uma colisão entre gigantes e a subsequente destruição e reorganização das estrelas e dos restantes corpos que as compõem.

Um acontecimento raro em si mesmo - acontece uma vez num milhão no universo conhecido - mas que ganha uma nova escala quando nos surpreendemos a acreditar que o que vemos é algo de mais...vivo.

Felizmente, os cientistas que, em vários pontos do mundo, interpretam os olhares do Hubble sobre o espaço, não são imunes a estes delírios, aparentemente ridículos. E, longe de quebrarem o feitiço das imagens, alimentam-no um pouco mais, afirmando sem hesitação: "As galáxias têm um lado selvagem. Têm encontros amorosos, que por vezes terminam em grandes fusões e em 'alas de maternidade' a transbordar de estrelas recém-nascidas, à medida que as suas massas em colisão se unem emnovas e maravilhosas formas."

As imagens divulgadas pela NASA inserem-se no projecto GOALS (Great Observatories All-sky LIRG Survey), que, além do Hubble, combina fotografias e registos de infravermelhos dos observatórios Spitzer, Chandra e Galaxy Evolution.

Os cientistas estão a conduzir um detalhado estudo de cerca de duas centenas de galáxias do universo conhecido, selecionadas pela intensidade das suas emissões de infravermelhos. Estas galáxias são divididas em diversas categorias, mas em geral distinguem-se pelo facto de emitirem pelo menos 90% do seu espectro em infravermelhos. Estão associadas a diversos fenómenos astrofísicos, como a formação de galáxias elípticas e quasares, e constituem um interminável manancial de informação.

Enquanto os seus segredos não são desvendados, no entanto, é bom saber que mesmo as mentes mais informadas, que analisam as estrelas com um detalhe incompreensível para o comum dos mortais, também sonham acordadas quando olham para o céu.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Portuguesa estuda vida nos meteoritos


Não são uns meteoritos quaisquer. São condritos carbonáceos, muito ricos em carbono e, garante a investigadora Zita Martins, que está a trabalhar no Imperial College, em Londres, são muito ricos também nas moléculas que constituem os elementos básicos da vida. É esta, justamente, a novidade que a equipa internacional, na qual está integrada a jovem cientista portuguesa, acaba de publicar na revista Meteoritics and Planetary Science. Estes meteoritos (os tais condritos carbonáceos) têm dez vezes mais moléculas básicas essenciais à vida do que se pensava até agora.

A descoberta, feita graças à análise de dois meteoritos caídos na Antárctida, além do entusiasmo que gerou na comunidade científica, pode ajudar também a perceber melhor o que se passou na Terra há mais de quatro mil milhões de anos.

Foi nessa época já distante da história do planeta - num período compreendido entre há 4,8 mil milhões de anos e 3,8 mil milhões de anos - que emergiu, num dado momento, a vida. Foi também nesse período que a Terra foi bombardeada por muitos meteoritos. Juntando dois mais dois, a investigadora portuguesa e os seus colegas do Imperial College e da NASA, pensam que isso pode ter sido um factor decisivo para o surgimento da vida na Terra. Recusam, no entanto, liminarmente a teoria da panspermia, segundo a qual a vida teria chegado à Terra, vinda de fora.

"São dois conceitos totalmente diferentes", afirma Zita Martins ao DN. E explica: "Ninguém sabe como a vida surgiu na Terra, mas a nossa descoberta sugere que este tipo de meteoritos, pela quantidade de aminoácidos de núcleos-base e de moléculas de carbono que contêm, poderão ter tido um papel fundamental para que as coisas acontecessem desta forma".

A equipa analisou três meteoritos descobertos na Antárctida. E em dois deles encontrou quantidades de moléculas orgânicas dez vezes mais altas do que até hoje se tinha conseguido detectar. Estes dois meteoritos, o EET92 e o GRA95529, foram descobertos na Antárctida, respectivamente em 1992 e 1995. "São meteoritos provenientes da cintura de asteróides que há entre Marte e Júpiter", adianta a investigadora portuguesa.

Os aminoácidos são as moléculas orgânicas que formam as proteínas e estas, por seu turno, produzem as estruturas que induzem as reacções químicas no interior das células. A produção das proteínas é considerada um dos primeiros passos para o surgimento da vida.

Mas por que razão só agora se chega a uma resultado destes, se a análise de meteoritos já é feita há décadas?

"Temos agora tecnologias muito mais apuradas do que há dez anos e por isso conseguimos detectar quantidades muito diminutas de moléculas orgânicas, o que não era possível há dez anos, por exemplo", explica Zita Martins. Por outro lado, há também mais meteoritos para estudar, já que todos os anos há missões específicas à Antárctida para fazer a sua recolha.

A partir daqui, o caminho é "continuar a investigar", afirma a cientista portuguesa, que está envolvida também na pesquisa para detectar (ou não) a existência de vida em Marte, numa missão da agência espacial europeia ESA.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

O 'Atleta' gigante que transporta astronautas na Lua


No final do ano, o aparelho estará pronto para testes

A primeira vez que o homem pisou a Lua, usaram-se computadores de 16 bits de memória e dependia-se totalmente da destreza dos pilotos. Agora tudo é diferente, os robôs desempenharão um papel fundamental no estabelecimento de bases no nosso satélite natural, algo que a NASA pretende fazer já a partir da próxima década.

O robô Athlete, um gigante que poderia ser usado para carregar materiais e, inclusivamente, transportar astronautas nos seus habitat lunares, é um dos projectos que mais tem chamado a atenção. Os seus responsáveis já estão a testar um protótipo à escala no deserto californiano de Mojave.

Athlete ("atleta" em português) é o acrónimo de Explorador de Todo o Terreno Extraterrestre de Seis Patas, algo que explica exactamente aquilo que ele é: um autómato com forma de aranha capaz de caminhar ou deslizar por superfícies lunares como as que encontravam os astronautas do velho programa Apollo.

O robô poderá carregar com os habitat dos astronautas e levá-los de um lado para o outro, explica Ángel Díaz, no El Mundo on-line, enquanto procuram outros lugares melhores para realizar tarefas geológicas. Cada "Atleta" poderá carregar com 450 kg de peso, mas poderia acoplar uns veículos a outros, formando um pequeno batalhão de autómatos capaz de transportar toda a base lunar.

Com um diâmetro de mais de quatro metros e seis patas de seis metros cada uma, o "Atleta" poderá caminhar sobre a Lua a dez quilómetros por hora, algo que pode parecer pouco para os padrões terrestres, mas que representa uma velocidade superior à que atingem os Mars Rovers no solo do planeta Vermelho (1'8 quilómetros por hora).

Esta velocidade, além disso, permite que seja manobrado a partir da Terra, onde existe um atraso de 2,5 segundos nas comunicações com a Lua (tal é o tempo que demora a luz, ou as ondas de rádio, em ir e voltar do planeta ao satélite).

Cada uma das patas tem uma roda na extremidade, o que permite ao veículo robotizado caminhar ou deslizar, dependendo das características do solo. "Cada lado da base hexagonal tem um par de câmaras estéreo [tridimensionais] que nos permitem obter uma vista panorâmica estereoscópica do que rodeia o veículo e mostrá-la a um operador situado na Terra", indica Brian Wilcox, principal investigador do projecto.

"É como se estivesse no centro do veículo a olhar para fora em todas as direcções", acrescenta o cientista, citado pelo El Mundo.

O veículo, que foi desenvolvido pelo Laboratório de Propulsão a Jacto da NASA, em Pasadena, na Califórnia, mantém-se nivelado em terrenos rugosos, encolhendo umas pernas e esticando outras, e pode fazer inclinações até aos 35 graus (25 quando está em terrenos resvaladiços.

Além disso, pode usar um tanque de combustível e está dotado de um instrumento para cavar o solo lunar, em busca de novos tesouros geológicos. No final deste ano, o "Atleta" deverá estar pronto para ser submetido a uma prova, "semelhante a uma luta", segundo explicam os seus criadores, altura em que a NASA estudará a viabilidade do projecto".

terça-feira, 8 de abril de 2008

Descoberto um sistema solar semelhante ao nosso


Cerca de 300 planetas foram já encontrados

Um grupo de astrónomos descobriu um sistema planetário que terá algumas semelhanças com aquele no qual se encontra o planeta Terra. Encontraram dois planetas com características semelhantes às de Júpiter e Saturno, em órbita de uma estrela com metade do tamanho do Sol. "É espécie de uma versão mais pequena do nosso sistema solar." afirma um investigador da universidade deSt Andrews, onde se fez a descoberta.

Martin Dominik, da universidade de St Andrews, no Reino Unido, afirmou que a existência de eventuais sistemas solares com semelhanças com o nosso, poderá ser muito mais comum do que se pensava e acrescentou que os astrónomos estão na iminência de encontrar muito mais.

O investigador de St Andrews, afirmou que este sistema planetário e outros análogos poderiam ter mundos habitáveis como o planeta Terra. "Foi apenas uma questão de tempo até que detectássemos estes sistemas", explicou.

Dominik declarou à BBC News que encontraram "um sistema com dois planetas que têm os papéis de Júpiter e Saturno no nosso Sistema Solar. Estes dois planetas têm um valores de massa, um raio orbital e um período de órbita similares".

"Parece ter sido formado de modo semelhante ao nosso Sistema Solar", adiantou. E se esse for o caso, "parece que o nosso sistema solar pode não ser o único [do género] no Universo. Deverá haver outros sistemas semelhantes que possam ter planetas habitáveis como a Terra".

Martin Dominik apresentou o seu trabalho nua reunião da Royal Astronomical National Astronomy Meeting, em Belfast.

O novo sistema planetário, que orbita a estrela OGLE-2006-BLG-109L, é mais pequeno do que o nosso e está uma distância de cinco mil anos-luz.

Embora quase 300 planetas extra-solares tenham sido já identificados, os astrónomos têm falhado constantemente as tentativas para encontrar sistemas planetários, semelhantes ao nosso sistema solar.

Apenas 10% dos sistemas descobertos até agora podem ser habitados, afirmou Martin Dominik

O astrónomo explicou ainda que todas as técnicas e métodos actualmente utilizados para encontrar planetas foram fortemente dominados por critérios usados para detectar planetas gigantes que orbitam a curtas distâncias da estrela mãe.

Os planetas detectados pelo sistema OGLE ( optical gravitational lensing experiment) foram encontrados usando uma técnica na qual a luz dos planetas mais distantes é refractada e amplificada pela gravidade de um novo objecto, neste caso específico, uma outra estrela.

O objectivo final dos investigadores da universidade era encontrar um espaço habitável como a Terra e um planeta como Marte. "Este objectivo foi alcançado, porque a tecnologia foi melhorando com o tempo", afirma Martin Dominik.

O mesmo investigador da universidade de St Andrews, acrescentou ainda que, com esta técnica, poderão brevemente procurar corpos de massa inferior à da Terra e assim detectar mais eventuais planetas maciços com zonas habitáveis. "Assim, nos próximos anos, vamos ver algo realmente emocionante ", disse.

Para já, contudo, haverá poucas probabilidade de detectar mundos de massa como a Terra em OGLE-2006-BLG-109L, porque o sistema está muito distante para as actuais tecnologias.

domingo, 9 de março de 2008

quarta-feira, 5 de março de 2008

Em busca de novo planeta no sistema solar


Desafio revelado no Japão

Conta perto de cem anos a demanda por um eventual planeta que, supostamente, deverá orbitar o Sol, para lá de Neptuno. A pesquisa ocupa astrónomos desde o início do século XX e partiu de uma série de anomalias identificadas nas órbitas dos planetas gigantes (Jupiter, Saturno, Urano e Neptuno), que sugerem a possibilidade da existência de mais um planeta exterior.

Percival Lowell, que a história da astronomia habitualmente refere pelas observações que fez da superfície de Marte, foi o primeiro a designar esse mundo hipotético como "Planeta X". E foi, em parte, das buscas sistemáticas que a demanda desse Planeta X lançou, que em 1930, Clyde Tombaugh identificou Plutão.

A pequena massa de Plutão (e de Caronte, descoberto em 1978, que consigo forma um sistema duplo) não é, contudo, suficiente para explicar as anomalias atrás referidas. Ou seja: Plutão não era o Planeta X. Hoje, de resto, e depois da revisão de nomenclatura de 2006, Plutão nem é mais um planeta...

A inexistência de quaisquer dados concretos após longos anos de observações e a total ausência de dados nas trajectórias das sondas que passaram já a órbita de Neptuno que eventualmente denunciassem qualquer corpo que justificasse uma atracção gravítica, foram fazendo perder, gradualmente, o interesse pela procura do Planeta X.

Na passada sexta-feira, contudo, esse mundo hipotético voltou a ser notícia. Baseados numa série de simulações informáticas, uma equipa de investigadores japoneses da Universidade de Kobe reafirmou fortes probabilidades de existência de mais um planeta no sistema solar. Identificam-no como podendo 30 a 70 por cento da massa da Terra, completando uma órbita elíptica em torno do Sol a cada mil anos. Segundo os investigadores japoneses, esse hipotético planeta estará a 12 mil milhões de quilómetros da Terra, para lá da cintura de Kuiper.

O estudo que permitiu a notícia destas conclusões, e que gerou já algumas críticas, será publicado em Abril no Astronomical Journal. Um dos astrónomos desta equipa defendeu já que a prova da existência deste planeta, ou a constatação da sua não existência, poderá chegar nos próximos cinco anos.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Solo de Marte com sal a mais para permitir vida


Solo de Marte com sal a mais para permitir vida

Micróbios não poderiam sobreviver À superfície de Marte, as hipóteses de ter havido ali a centelha e o desenvolvimento da vida nos últimos quatro mil milhões de anos, ainda que primitiva, parecem muito remotas.

Esta é a conclusão de uma série de simulações feitas com base nos dados enviados para terra pelos robôs Spirit e Opportunity e ontem apresentadas pelas equipas da NASA. Excesso de minerais na água que já por ali correu deixou o solo demasiado salgado e ácido para permitir o florescimento de microrganismos, acreditam os investigadores do Jet Propulsion Laboratory, da NASA, que coordena as operações dos dois veículos robotizados.

As simulações ontem divulgadas, no âmbito do encontro anual da American Association for the Advancement of Science, em Boston, foram feitas com base no conjunto dos dados recolhidos nos últimos cinco anos pelos dois robôs móveis, mas sobretudo a partir dos mais recentes registos enviados pelo Opportunity, que se encontra nesta altura numa cratera chamada Victoria.

"Nem toda a água é boa para beber." Foi desta forma simples que o biólogo Andrew Knoll, membro da equipa científica dos robôs da NASA e investigador na universidade de Harvard, resumiu ontem a questão.

Originalmente enviados para Marte, para uma missão que deveria durar três meses, o Spirit e o Opportunity ainda não cessaram de percorrer as planícies marcianas, observando e registando à sua passagem dados sobre a geologia e a composição do solo do Planeta Vermelho.

Nesta fase da missão, a água é um dos temas centrais da pesquisa, e a cratera Victoria, onde o Opportunity se encontra nesta altura, era um dos locais ideais para estudar a possibilidade de a água que correu há milhões de anos ter deixado ali marcas ou sinais de vida.

A resposta agora obtida - com as simulações feitas a partir dos elementos encontrados no solo analisado pelo Opportunity - acaba por ser um pouco uma desilusão. A hipótese da existência de vida microbiana no passado remoto de Marte tem sido uma das esperanças, e especulações também, mais alimentadas nos últimos anos nos círculos científicos próximos desta área.

"É de facto muito salgado, e tão salgado que apenas uma mão-cheia de microrganismos terrestres conhecidos poderia ter uma hipótese muito remota de sobreviver ali num momento de melhores de condições", explicou Andrew Knoll.

Mas a questão da vida em Marte não fica encerrada aqui. Se à superfície a água não foi "boa para beber", como esclareceu Knoll, há todo um potencial habitat no Planeta Vermelho sobre o qual os cientistas nada sabem ainda e no qual estão a depositar as esperanças nesta questão, que é o subsolo do planeta.

É aí, nomeadamente, que entra em cena a próxima nave Phoenix, da NASA, que tem chegada a Marte prevista para o dia 25 de Maio. Esta sonda, que vai pousar no Pólo Norte de Marte, terá capacidade de escavar o solo e começar a analisar a primeira camada de subsolo do planeta. É, portanto, uma questão de tempo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Cientistas à escuta de uma sinfonia cósmica


Todo o universo é ruído. E essa talvez seja a melhor ideia para nos ajudar a compreender o projecto que por estes dias anda a entusiasmar um grupo de cientistas na Califórnia: pedir a um supercomputador que oiça e decifre uma imensa sinfonia cósmica e a partir dessa informação perceber fenómenos como a formação e colisão de dois buracos negros ou a explosão de uma supernova.

A esperança é depositada num novo supercomputador ser construído no Departamento de Física da Universidade de Syracuse, que se espera ser capaz de decifrar a informação coligida ao longo de dois anos pelo Laser Interferometer Gravitacional Wave Observatory (LIGO), unidade que capta o movimento das ondas gravitacionais. E é nestas ondas, pela primeira vez enunciadas em 1916 na Teoria Geral da Relatividade de Albert Einstein, que está a chave desta investigação.

Usando a imagem de uma pedra a cair num lago - como sugere o astrónomo Luís Mendes, docente no Imperial College de Londres -, é fácil compreender o fenómeno. Da mesma forma que uma pedra ao cair num lago gera uma série de ondas com origem no ponto onde a superfície da água é inicialmente perturbada, o movimento de corpos num campo gravitacional gera à sua volta pequenas perturbações no espaço-tempo. É a estas pequenas perturbações que damos o nome de ondas gravitacionais (OG). Usando a mesma imagem, é fácil perceber que as características destas ondas dependem dos detalhes do processo que lhes deu origem: tal como uma pedra grande e pesada não gera exactamente o mesmo padrão à superfície do lago que um pequeno grão de areia, uma supernova ou a colisão de dois buracos negros produzem OG com características diferentes. Em geral, quanto mais violento é o processo maior é a amplitude das ondas produzidas. Numa situação ideal, ao medirmos as características das OG podemos determinar os fenómenos que lhes deram origem. E procurar OG, como explica Ducan Brown, responsável pelo projecto, "é como escutar o universo, procurando padrões, amplitudes e frequências".

Ora, os buracos negros, porque absorvem a luz, não podem ser estudados com telescópios. Logo, o melhor é mesmo escutá-los. Para isso, porém, é primeiro preciso determinar qual o som que produzem para depois o isolar da informação recolhida pelo LIGO. E aqui entra a teoria de Einstein, que fornece um modelo matemático que permite perceber como soa o choque entre dois buracos negros. "Cabe depois ao supercomputador aplicar esse modelo a todo o ruído que temos armazenado pela LIGO", explica Brown. Para isso, terá 320 processadores equipados com 640 gigabytes de memória RAM a trabalhar 24 horas por dia

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

'Atlantis' pronto para levar laboratório para o espaço




O vaivém Atlantis parece estar finalmente pronto para avançar nu-ma missão de 11 dias para instalar o laboratório europeu Columbus na Estação Espacial Internacional. Depois de um problema técnico no vaivém que levou ao adiamento da missão várias vezes desde o passado dia 6 de Dezembro, o lançamento do Atlantis está previsto para amanhã às 19.45, hora de Lisboa, no centro espacial Kennedy da NASA, na Florida. A bordo irá tecnologia portuguesa concebida pela Efacec.Até agora, apenas as grandes potências espaciais, Estados Unidos e Rússia, possuíam laboratório na estação orbital. O Columbus representa o principal contributo da Agência Espacial Europeia para a Estação Espacial Internacional (ISS - International Space Station) e é por isso uma etapa fundamental para o desenvolvimento da investigação espacial na Europa. O Columbus consiste num módulo cilíndrico pressurizado com sete metros de comprimento, 4,5 metros de largura e 10,3 toneladas de massa. Para a sua montagem, no exterior da ISS, estão programados três passeios espaciais. Os dois primeiros vão assegurar a ligação do Columbus ao módulo Harmony onde será mais tarde anexado o laboratório japonês Kibo. No terceiro passeio serão instaladas duas plataformas científicas externas: uma de origem portuguesa, o EuTEF, que vai registar a temperatura; a outra é um observatório solar.MicrogravidadeO laboratório, desenvolvido na Alemanha por um consórcio de 17 países, em que se inclui Portugal, que compõem a Agência Espacial Europeia constitui um posto avançado em órbita vocacionado para experiências em microgravidade vistas como um passo fundamental para preparar a exploração do espaço com tripulação de longa duração. O Columbus deverá funcionar por dez anos, período durante o qual investigadores em terra vão colaborar com os tripulantes da ISS para realizarem em conjunto milhares de experiências em biotecnologia, ciência de materiais, física de fluidos e outras áreas. As experiências vão ser conduzidas em condições de imponderabilidade, com ajuda dos sete aparelhos a bordo do laboratório, dos quais cinco no interior e dois no exterior. No Columbus podem trabalhar até três astronautas em simultâneo que serão controlados a partir de Munique, na Alemanha, que é o país que mais contribuiu para o laboratório com uma fatia de 41% dos custos, seguida da Itália (23%) e da França (18%).Com um orçamento de 1,3 mil milhões de euros, este projecto da investigação espacial europeia começou a ser construído em 1992 , já com uma década de atraso uma vez que esteve inicialmente previsto para 1982. O seu lançamento também sofreu vários atrasos, designadamente os decorrentes do desastre do vaivém Columbia em 2003, que provocou a morte de todos os tripulantes e atrasou as missões tripuladas futuras. A missão de amanhã será tripulada por sete astronautas, dos quais um alemão e um francês.Com LUSA

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

NASA prepara base e naves para a Lua


A NASA mantém firme a sua agenda que aponta o ano 2020 como meta para o regresso de missões tripuladas à Lua. No final da semana passada foi emitido um parecer sobre o impacto ambiental do programa Constellation, que integra uma série de missões de transporte, entre as quais os lançamentos de novos voos tripulados rumo à Lua.

Este estudo é fulcral para a aprovação dos projectos pensados para a década de 20 do presente século e avalia os efeitos dos testes necessários ao desenvolvimento e ensaio de componentes e veículos, entre os quais as naves Orion, Ares V e Altair, necessárias às missões lunares. Dado o facto de o programa Constellation usar componentes e instalações já empregues pelo programa Space Shuttle, os efeitos para o ambiente das etapas de teste das novas missões deverão ser semelhantes. Só os ensaios de carburante e motores poderão gerar efeitos diferentes dos já conhecidos.

Da aprovação deste estudo dependem as próximas etapas de desenvolvimento dos novos veículos Orion (de transporte de astronautas), Ares V (de carga) e Altair (destinado à alunagem).

Na agenda dos projectos da NASA encontra-se a possibilidade de instalar uma base permanente na Lua que possa, entre outros objectivos, servir para eventual interposto para missões tripuladas a Marte.

Há planos concretos que ponderam a construção dessa base na região polar sul da Lua. O facto de se suspeitar que aí possa haver água, assim como a sua quase permanente exposição face ao Sol (permitindo assim uma fonte de energia para as actividades da estação e tripulantes) são factores já apontados como tendo sido fundamentais na escolha do local. O anuncio do desejo de regresso à Lua foi feito em 2004 pelo Presidente George W. Bush.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Mercúrio revela segredos



Sonda resistiu ao ambiente térmico das proximidades do Sol A sonda Messenger da NASA concluiu ontem a primeira de três passagens nas proximidades de Mercúrio, tendo recolhido dados suficientes para ocupar os peritos da agência espacial durante meses. Foram recolhidas mais de 1200 imagens e a informação obtida pelos sete aparelhos a bordo permitiu alterar ideias sobre o planeta, cujo campo magnético é mais poderoso do que se supunha. Outra surpresa tem a ver com indícios de vulcanismo.

A primeira constatação é a de que a sonda resistiu de forma notável ao ambiente térmico muito hostil daquela zona interna do sistema solar. Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol, rodando numa órbita sensivelmente a um terço da distância entre a Terra e a estrela.

Pensava-se até agora que Mercúrio era relativamente semelhante à Lua. A maior diferença conhecida era o facto de o planeta ter uma atmosfera muito ténue (tão rarefeita que as moléculas nem sequer colidem umas com as outras). No entanto, os cientistas perceberam, com os novos dados, que afinal há diferenças muito maiores. Ontem, a NASA apresentou em conferência de imprensa a sua interpretação preliminar dos resultados obtidos, com destaque para dois aspectos: o campo magnético e aquilo que parecem ser indícios de actividade vulcânica no passado.

O investigador-chefe da missão, Sean Solomon, explicou que esta passagem permitiu "ver parte do planeta como nunca foi visto por uma sonda, e a nossa pequena máquina enviou uma mina de ouro com dados muito excitantes". Tal como a Terra, Mercúrio tem um campo magnético, que aliás poderá ser bipolar. Tudo indica que, apesar de ser muito mais fraco do que o da Terra, o campo magnético mercuriano consegue proteger do vento solar parte da superfície do planeta.

Os cientistas falam em "planeta muito dinâmico", com interacções inesperadas. Foram estudadas as crateras de impacto, menos profundas do que as da Lua. E, numa dessas crateras, descobriu-se uma forma que entusiasmou os cientistas a ponto destes baptizarem a estrutura: a "Aranha". Trata-se de uma cratera da qual partem mais de 40 compridos raios mais escuros e cuja explicação poderá estar em qualquer forma de vulcanismo. Aliás, foram detectadas outras estruturas na superfície que apontam para indícios de actividade vulcânica. A Messenger volta a passar nas proximidades de Mercúrio em Outubro e ficará na sua órbita em Março de 2011.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Europa vai a Mercúrio



Projecto conjunto com o Japão irá custar 350 milhões

Ficará em 350 milhões de euros e demorará cinco anos a construir. Depois, iniciará uma viagem de seis anos rumo ao centro do sistema solar. A European Space Agency (ESA) assinou um contrato para levar a BepiColombo - projecto europeu de sonda espacial não tripulada - a Mercúrio. A cerimónia realizou--se, em Friedrichshafen, Alemanha.

BepiColombo é o nome de um cientista, matemático e engenheiro, Giusseppe (Bepi) Colombo (1920- -1984), da Universidade de Pádua. A BepiColombo vai realizar o estudo mais abrangente de sempre sobre Mercúrio, tendo sido seleccionada pela ESA como uma das suas missões-chave em Outubro de 2000. Desde então, foram realizados vários estudos industriais e a sua avaliação levou à selecção da Astrium como contratante principal em 2006.

O lançamento da BepiColombo está previsto para Agosto de 2013, devendo chegar a Mercúrio em 2019, após uma viagem de seis anos em direcção ao sistema solar interior. É a primeira missão dupla a Mercúrio, com uma nave europeia e uma japonesa. O programa é desenvolvido como missão conjunta com a Agência de Exploração Aeroespacial Japonesa (JAXA), sob liderança da ESA.

As duas naves tentarão responder a diversas questões, entre elas a origem e evolução de um planeta próximo da sua estrela-mãe, o estado do interior do planeta e respectivo campo magnético, assim como um teste à teoria de relatividade de Einstein," referiu Johannes Benkhoff, cientista da ESA. A Mercury Planetary Orbiter (MPO) da ESA transportará 11 instrumentos para estudar a superfície e composição interna do planeta, e a segunda nave espacial estudará a magnetosfera do mesmo.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Bill Gates patrocina telescópio gigante


Ficará numa cúpula com 40 metros de altura, no topo do Cerro Pachón, no Norte do Chile (Andes) num lugar 2682 metros acima do nível do mar e é um telescópio que altera a forma actual de observar o universo. Bill Gates, o multimilionário fundador da Microsoft, visitou o projecto na Universidade do Arizona e, conquistado pelas capacidades deste aparelho pioneiro, doou de imediato dez milhões de dólares (cerca de 6,76 milhões de euros) para ajudar o seu desenvolvimento.

Concebido por uma equipa de 50 astrónomos de 23 universidades dos Estados Unidos, o megatelescópio, baptizado com o nome de LSST (iniciais de Large Synoptic Survey Project), permite, através de três lentes refractárias e um espelho gigante de 8,4 metros de diâmetro, obter um panorama detalhado de todo o universo visível, algo nunca antes conseguido, e integra um plano onde entra a Microsoft (já sem Bill Gates) que contempla a possibilidade de tornar cada utilizador da Internet num explorador do espaço. Para desenvolver o plano, a empresa de software vai investir 30 milhões de dólares (20,3 milhões de euros), num total que ultrapassa os 260 milhões.

O LSST começará a olhar o universo a partir de 2013 e a sua câmara de três mil megapíxeis é o maior instrumento digital jamais desenhado. A potência da câmara, somada à das lentes, permitirá ao telescópio investigar fragmentos de matéria obscura que constitui cerca de 90% da totalidade da matéria existente no universo. Permite ainda traçar um mapa tridimensional da Via Láctea, investigar o Cinturão de Kuiper - conjunto de corpos celestes que giram na órbita do Sol e fará o rastreio dos asteróides próximos da terra.

Durante a apresentação do projecto, à qual assistiu Bill Gates, um dos investigadores assegurou que o LSST irá acumular, a cada noite, 30 terabytes (3o mil gigabytes) de informação gráfica e em dez anos estarão registadas 200 mil imagens, o suficiente para traçar a órbita de 90% dos objectos potencialmente perigosos.

Santa Maria recebe estação de rastreio de satélites


A ilha açoriana de Santa Maria foi o lugar do escolhido pela Agência Espacial Europeia (ESA) para a colocação da sua nova estação de rastreio de satélites, a primeira com capacidade para seguir os lançadores durante todas as fases de voo.

A estrutura, que será inaugurada amanhã no cimo do Monte das Flores, a 200 metros de altitude, integra a rede internacional ESTRACK e estará preparada para acompanhar o trajecto do foguetão Ariane 5, que será lançado a partir do porto espacial da Guiana Francesa. Esta será mesmo a sua missão de estreia: acompanhar o percurso do primeiro ATV (automated transfer vehicle) - com o lendário nome de Jules Verne -, que será lançado em breve a bordo daquele foguetão, com vista ao reabastecimento da Estação Espacial Internacional.

A estação é inovadora em matéria de tecnologia espacial, sendo constituída por uma antena com reflector parabólico de 5,5 metros de diâmetro, mais equipamento de telecomunicações, sistema de fornecimento de energia eléctrica de emergência, protecção anti-raios e infra-estruturas de suporte. No topo do Montes das Flores pode observar-se, assim, um complexo de tecnologia que contrasta com a ruralidade e pacatez de Santa Maria, uma ilha com cerca de cinco mil habitantes, a única dos Açores vulcanicamente "morta", e que tem na agro-pecuária e no controlo de tráfego aéreo do Atlântico Norte a sua base económica tradicional.

O isolamento da ilha (situada no extremo Sudeste do arquipélago dos Açores, a 1500 quilómetros de Lisboa) e a escassez populacional pode ter levantado dúvidas à ESA em termos da capacidade logística instalada. Mas o facto de a região de rastreio cobrir uma grande porção do oceano Atlântico pesou muito mais do que qualquer outra coisa. A isso junta-se o potencial da sua localização, na rota de lançadores que passam sobre a estação à vertiginosa velocidade de 28 mil quilómetros por hora. Mas em Santa Maria será também possível, a partir de agora, fazer o rastreio de trajectórias de lançamentos Ariane de meia inclinação, o rastreio de lançadores Vega e Soyuz (a serem lançados em breve, em Kourou, na Guiana) e mesmo missões de observação da Terra que já decorrem, incluindo os satélites ERS-2 e ENVISAT , da ESA, e o satélite Radarsat, do Canadá.

Gerhard Billig, o service manager da Estação de Santa Maria que intervém no directorado de Operações da ESA, resume numa nota oficial desta agência espacial o potencial da unidade a inaugurar amanhã na ilha descoberta por Gonçalo Velho: "Adicionar a estação de Santa Maria à nossa rede fornece uma capacidade crítica para fazer o rastreio de lançamentos do ATV com o lançador Ariane, assim como de outros lançamentos a partir de Kourou, e abre também novas possibilidades para serviços baseados na recepção de dados de observação da Terra".

A estação foi instalada em Santa Maria ao abrigo de um acordo tripartido entre a ESA e os governos da República e Regional dos Açores e é operada localmente, mediante contrato, através de um consórcio que inclui as empresas Edisoft, Segma e GlobalEDA.