domingo, 27 de abril de 2008

Quando as galáxias se encontram no escuro...


Colisões galácticas ou momentos amorosos?
Há muito sabemos que as galáxias não são conjuntos de corpos celestes estáticos e imutáveis, mas antes partes de um universo em permanente expansão onde alguma coisa está sempre a acontecer, embora muitas vezes a um ritmo de milhões de anos, imperceptível para a limitada parcela de tempo que nos está reservada.

Ainda assim, há imagens que nos apanham de surpresa. Que nos deixam, até, ligeiramente desconfortáveis. Como se houvesse algo de reconfortante na presunção de que aqueles arquipélagos de luz, na imensa escuridão do espaço, são eternos, e eternamente solitários.

Nas celebrações do 18.º aniversário do Hubble, como que marcando a definitiva chegada à maioridade do telescópio espacial, a NASA divulga um inédito conjunto de 59 registos fotográficos onde, em rigor científico, se observa uma colisão entre gigantes e a subsequente destruição e reorganização das estrelas e dos restantes corpos que as compõem.

Um acontecimento raro em si mesmo - acontece uma vez num milhão no universo conhecido - mas que ganha uma nova escala quando nos surpreendemos a acreditar que o que vemos é algo de mais...vivo.

Felizmente, os cientistas que, em vários pontos do mundo, interpretam os olhares do Hubble sobre o espaço, não são imunes a estes delírios, aparentemente ridículos. E, longe de quebrarem o feitiço das imagens, alimentam-no um pouco mais, afirmando sem hesitação: "As galáxias têm um lado selvagem. Têm encontros amorosos, que por vezes terminam em grandes fusões e em 'alas de maternidade' a transbordar de estrelas recém-nascidas, à medida que as suas massas em colisão se unem emnovas e maravilhosas formas."

As imagens divulgadas pela NASA inserem-se no projecto GOALS (Great Observatories All-sky LIRG Survey), que, além do Hubble, combina fotografias e registos de infravermelhos dos observatórios Spitzer, Chandra e Galaxy Evolution.

Os cientistas estão a conduzir um detalhado estudo de cerca de duas centenas de galáxias do universo conhecido, selecionadas pela intensidade das suas emissões de infravermelhos. Estas galáxias são divididas em diversas categorias, mas em geral distinguem-se pelo facto de emitirem pelo menos 90% do seu espectro em infravermelhos. Estão associadas a diversos fenómenos astrofísicos, como a formação de galáxias elípticas e quasares, e constituem um interminável manancial de informação.

Enquanto os seus segredos não são desvendados, no entanto, é bom saber que mesmo as mentes mais informadas, que analisam as estrelas com um detalhe incompreensível para o comum dos mortais, também sonham acordadas quando olham para o céu.

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