quinta-feira, 10 de abril de 2008

O 'Atleta' gigante que transporta astronautas na Lua


No final do ano, o aparelho estará pronto para testes

A primeira vez que o homem pisou a Lua, usaram-se computadores de 16 bits de memória e dependia-se totalmente da destreza dos pilotos. Agora tudo é diferente, os robôs desempenharão um papel fundamental no estabelecimento de bases no nosso satélite natural, algo que a NASA pretende fazer já a partir da próxima década.

O robô Athlete, um gigante que poderia ser usado para carregar materiais e, inclusivamente, transportar astronautas nos seus habitat lunares, é um dos projectos que mais tem chamado a atenção. Os seus responsáveis já estão a testar um protótipo à escala no deserto californiano de Mojave.

Athlete ("atleta" em português) é o acrónimo de Explorador de Todo o Terreno Extraterrestre de Seis Patas, algo que explica exactamente aquilo que ele é: um autómato com forma de aranha capaz de caminhar ou deslizar por superfícies lunares como as que encontravam os astronautas do velho programa Apollo.

O robô poderá carregar com os habitat dos astronautas e levá-los de um lado para o outro, explica Ángel Díaz, no El Mundo on-line, enquanto procuram outros lugares melhores para realizar tarefas geológicas. Cada "Atleta" poderá carregar com 450 kg de peso, mas poderia acoplar uns veículos a outros, formando um pequeno batalhão de autómatos capaz de transportar toda a base lunar.

Com um diâmetro de mais de quatro metros e seis patas de seis metros cada uma, o "Atleta" poderá caminhar sobre a Lua a dez quilómetros por hora, algo que pode parecer pouco para os padrões terrestres, mas que representa uma velocidade superior à que atingem os Mars Rovers no solo do planeta Vermelho (1'8 quilómetros por hora).

Esta velocidade, além disso, permite que seja manobrado a partir da Terra, onde existe um atraso de 2,5 segundos nas comunicações com a Lua (tal é o tempo que demora a luz, ou as ondas de rádio, em ir e voltar do planeta ao satélite).

Cada uma das patas tem uma roda na extremidade, o que permite ao veículo robotizado caminhar ou deslizar, dependendo das características do solo. "Cada lado da base hexagonal tem um par de câmaras estéreo [tridimensionais] que nos permitem obter uma vista panorâmica estereoscópica do que rodeia o veículo e mostrá-la a um operador situado na Terra", indica Brian Wilcox, principal investigador do projecto.

"É como se estivesse no centro do veículo a olhar para fora em todas as direcções", acrescenta o cientista, citado pelo El Mundo.

O veículo, que foi desenvolvido pelo Laboratório de Propulsão a Jacto da NASA, em Pasadena, na Califórnia, mantém-se nivelado em terrenos rugosos, encolhendo umas pernas e esticando outras, e pode fazer inclinações até aos 35 graus (25 quando está em terrenos resvaladiços.

Além disso, pode usar um tanque de combustível e está dotado de um instrumento para cavar o solo lunar, em busca de novos tesouros geológicos. No final deste ano, o "Atleta" deverá estar pronto para ser submetido a uma prova, "semelhante a uma luta", segundo explicam os seus criadores, altura em que a NASA estudará a viabilidade do projecto".

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