sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Mercúrio revela segredos



Sonda resistiu ao ambiente térmico das proximidades do Sol A sonda Messenger da NASA concluiu ontem a primeira de três passagens nas proximidades de Mercúrio, tendo recolhido dados suficientes para ocupar os peritos da agência espacial durante meses. Foram recolhidas mais de 1200 imagens e a informação obtida pelos sete aparelhos a bordo permitiu alterar ideias sobre o planeta, cujo campo magnético é mais poderoso do que se supunha. Outra surpresa tem a ver com indícios de vulcanismo.

A primeira constatação é a de que a sonda resistiu de forma notável ao ambiente térmico muito hostil daquela zona interna do sistema solar. Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol, rodando numa órbita sensivelmente a um terço da distância entre a Terra e a estrela.

Pensava-se até agora que Mercúrio era relativamente semelhante à Lua. A maior diferença conhecida era o facto de o planeta ter uma atmosfera muito ténue (tão rarefeita que as moléculas nem sequer colidem umas com as outras). No entanto, os cientistas perceberam, com os novos dados, que afinal há diferenças muito maiores. Ontem, a NASA apresentou em conferência de imprensa a sua interpretação preliminar dos resultados obtidos, com destaque para dois aspectos: o campo magnético e aquilo que parecem ser indícios de actividade vulcânica no passado.

O investigador-chefe da missão, Sean Solomon, explicou que esta passagem permitiu "ver parte do planeta como nunca foi visto por uma sonda, e a nossa pequena máquina enviou uma mina de ouro com dados muito excitantes". Tal como a Terra, Mercúrio tem um campo magnético, que aliás poderá ser bipolar. Tudo indica que, apesar de ser muito mais fraco do que o da Terra, o campo magnético mercuriano consegue proteger do vento solar parte da superfície do planeta.

Os cientistas falam em "planeta muito dinâmico", com interacções inesperadas. Foram estudadas as crateras de impacto, menos profundas do que as da Lua. E, numa dessas crateras, descobriu-se uma forma que entusiasmou os cientistas a ponto destes baptizarem a estrutura: a "Aranha". Trata-se de uma cratera da qual partem mais de 40 compridos raios mais escuros e cuja explicação poderá estar em qualquer forma de vulcanismo. Aliás, foram detectadas outras estruturas na superfície que apontam para indícios de actividade vulcânica. A Messenger volta a passar nas proximidades de Mercúrio em Outubro e ficará na sua órbita em Março de 2011.

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